terça-feira, abril 13, 2010

Público-alvo



Vamos falar de público-alvo. Nada de teoria, mas algo que vivi na prática esses dias quando vi o novo comercial da Volkswagen, onde anunciava-se o Gol como o carro oficial da Seleção Brasileira. Falo em público-alvo porque não me cansei de ver o velho gritando "Robson" e relembrei momentos da minha infância quando, na falta de uma quadra de esportes, jogava bola todos os dias, quase o dia inteiro, no estacionamento de um conjunto habitacional.

Eram duas travinhas no chão e inúmeros carro em volta. Até que a gente tomava cuidado, combinávamos de não chutar muito forte ao gol para não pegar nos carros estacionados. Mas volta e meia acontecia. Um chute mais empolgado e Gol! Mas logo depois vinha algum grito das janelas ou mesmo o barulho do alarme disparando.

Aí era correria, pedido de desculpas e discussões. Mas, que eu me lembre, nunca causamos grandes estragos e também ninguém virou um Robinho.

Tá. E o público-alvo nessa história? Vou explicar: eu me arrepiei ao relembrar belos momentos da minha infância correndo atrás da bola. Aquele comercial foi feito pra mim. Tenho certeza que muito outros que também foram jogadores de rua sentiram algo. Já minha esposa e outras meninas que perguntei, nem se tocaram. Algumas até ficaram com raiva, pois o moleque tinha destruído o carro do velhinho. Coitado.

Já pensou se o marketing ponderasse sobre o carro que foi destruído, sobre a minoria velha que teve o patrimônio degradado. Ou sobre as mulheres que não conseguem entender como onze homens podem correr atrás da bola?

Aí está o imponderável e a ousadia. O toque que leva mágica à criatividade, ao futebol e à publicidade.

2 comentários:

Nina disse...

Eu não joguei futebol na rua, mas gostei tanto, tanto desse comercial!

:D

Unknown disse...

Falando em público-alvo, esse seu texto me acertou em cheio. Lindo você falar da infância. Curti muito.

Bjo